História da Lamborghini
Hoje em dia, a Lamborghini é considerada uma das marcas mais cativantes na indústria automóvel e a marca de carros que todos os meninos de 9 anos e futebolistas bem-sucedidos desejam ter. Lamborghinis representam um festival de barulho, cor e velocidade e, apesar de fazerem alguns dos melhores supercarros nos tempos atuais e apesar de ser uma empresa próspera como propriedade da Audi, o orgulhoso touro de hoje teve alturas em que era apenas um javali a tentar sobreviver para não ser caçado por problemas financeiros e má gestão.
A Lamborghini, curiosamente, começou como um fabricante de tratores (Lamborghini Trattori) em 1948 por um senhor chamado Ferruccio Lamborghini que possuía um fascínio por mecânica e maquinaria agrícola. A marca acabaria por se tornar importante no ramo agrícola por causa do boom da economia italiana depois da segunda guerra mundial.
A divisão automóvel só seria fundada em 1963 depois de Ferruccio Lamborghini (que possuía uma grande coleção de carros) comprar três versões diferentes do Ferrari 250 GT e achar que os carros eram demasiado barulhentos e de fraca qualidade, para alem de achar que o serviço de apoio ao cliente deixava bastante a desejar. Ferruccio acabaria por informar Enzo Ferrari das suas desavenças com os seus Ferraris, mas isto sendo dois italianos orgulhosos a tentar resolver um problema, as coisas continuaram como estavam.
O primeiro carro produzido pela Lamborghini seria o 350GT entre 1964 e 1996, para saciar o apetite que Ferruccio tinha de “bons” carros de grande turismo. Mas o primeiro carro que elevou significativamente o estatuto da Lamborghini seria o Miura, que revolucionou o supercarro e foi o pioneiro do supercarro moderno: motor central e uma carroçaria baixa perto do chão. O Miura seria produzido entre 1967 e 1973 por um pequeno grupo de engenheiros que tinham uma grande paixão por corridas e para o qual o Miura se ajustava perfeitamente, mas Ferruccio não queria participar no desporto motorizado pois ele via a atividade como “cara”. O nome Miura vem do tipo de touro com o mesmo nome e acabaria por ditar uma tradição entre Lamborghinis e touros, pois todos os carros tirando o Countach dos anos 80, têm nomes de touros espanhóis. Ferruccio era um grande fã de touros (tendo também o signo touro) e acabaria por escolher este animal como símbolo da marca.
O passo a seguir foi contruir mais carros de grande turismo, com o Lamborghini Islero, Espada, Jarama e Urraco; e o substituto do Miura, o Countach, tudo com motores V12, pois outro tipo de motor seria obviamente inapropriado. Infelizmente, tirando o Islero, foram todos produzidos numa época afetada pela crise económica dos anos 70 fazendo com que as vendas fossem escassas e obrigou Ferruccio Lamborghini a vender a sua empresa e a retirar-se em 1974.
A Lamborghini acabaria por falir em 1978 e ficaria inativa até 1981 quando os irmãos Jean-Claude e Patrick Mimran (empresário e artista respetivamente) começaram a investir na marca. Inicialmente produziram o Jalpa e o algo cómico LM002 que foi na verdade o primeiro SUV da marca (e não o Urus), que utilizava o mesmo motor do Countach mas agora com um consumo ainda pior.
Depois destes dois carros a Lamborghini deixou de produzir veículos de grande turismo e começou a apostar mais em carros de motor central continuando a produção de uma versão redesenhada do Countach.
Em 1987, a Chrysler comprou a Lamborghini aos irmãos Mimran, e trouxe-nos o capitulo seguinte da especialidade da marca italiana – os carros de motor central – com o Diablo. A Lamborghini também esteve na Fórmula 1 como fornecedor de motores, mas apesar de fornecer motores a sete equipas diferentes, só alcançaram um pódio em 80 corridas entre 1989 e 1993.
Isto significa que apesar do motor Lamborghini ser bom (de acordo com um certo Ayrton Senna), o motor só foi utilizado por equipas que possuíam chassis de péssima qualidade, como carros de Fórmula 1, e não teve uma verdadeira hipótese de brilhar.
Com a aventura da Lamborghini na Fórmula 1, a marca finalmente começou-se a virar mais para o desporto motorizado com uma presença predominante em GTs e que viria a ser a sua especialidade até hoje.
Entretanto, com o virar do milénio começou a soar a campainha do “está na altura de substituirmos o nosso carro”, com o Diablo a dar lugar ao Murciélago, que foi o primeiro Lamborghini da era atual sob domínio da Audi e que marcou o começo de uma era em que os carros por acaso funcionavam bem.
Até este ponto todos os carros de motor central da Lamborghini tinham uma condução difícil. O Miura era quase impossível de virar se tivesse com pouco combustível pois tinha o deposito em cima do eixo da frente, o Countach era extremamente difícil de conduzir por ser grande e pesado e o Diablo era extremamente desconfortável. Com o Murcielago, a Lamborghini mostrou que estava no caminho certo em relação à qualidade e usabilidade dos seus carros que até agora eram carros que para alem de gritarem muito, também avariavam muito.
Neste período também foi apresentado o “Lamborghini bébé”, sob a forma do Gallardo, que foi o primeiro carro da marca italiana a ter um V10 e com um aspeto ligeiramente mais conservador, mas não impediu que o carro fosse um sucesso entre os meninos de 9 anos e futebolistas previamente mencionados.
E com isto chegamos à Lamborghini atual, onde o Murcielago daria lugar ao Aventador em 2011 e o Gallardo a dar lugar ao Huracan em 2014 (com o Urus a estrear-se em 2018). No entanto, para alem das edições especiais dos carros atuais como o Aventador SVJ ou o Huracan Performante, a sua especialidade tornaria-se os carros de produção limitada e de preços milionários, e carroçarias que fazem lembrar um carro de fim de semana do Batman que ele usaria para ir às compras de vez em quando. Um desses batmobiles é o Veneno, com uma produção limitada a 14 unidades e um preço de (apenas) 4 milhões de dólares.
Com esta breve história, consegue-se constatar que Lamborghini atual é bastante diferente do que aquela que era inicialmente, hoje focada em estilo e performance em vez de carros de grande turismo cheios de classe e que eram conduzidos por italianos com os seus cachimbos na mão. Para uma marca que estava morta no fim dos anos 70, a Lamborghini sofreu uma grande reviravolta, principalmente com o apoio da Audi que cimentou a marca de Ferruccio Lamborghini como um dos mais conceituados fabricantes de supercarros.
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